sábado, 1 de maio de 2010

JFráguas


[duas vozes numa mão]


ainda anos e anos mortos ardem por aqui
e a memória no peito guardada
vislumbro pela greta da porta do tempo
a pele preta da cidade estudantil e os restos…
ainda que o não soubesse a essa hora
rebanho que era e  passa rente levando à vida
mais um dia em declínio


não há espaço – não há espaço? não há espaço de quê?
espaço que me retire deste espaço apertado
falta-me espaço    falta-me ar
falta-me apoio de peitoril à inquietação que me sobe
quando o espaço da noite aperta os braços
falta-me o cheiro do douro – doutro rio, todos os rios
seus cheiros no espelho das águas, o volume das sombras
ocupando o espaço que me falta, o espaço apertado


que teima e insiste na mesma lousa
o mesmo giz inspirado
justifica-o enquanto a benevolência
me não fecha os olhos e a ignorância
perfeita me cubra como Luz de viver maior
entre panorâmicas de cor serrana
e o olival
quebrado e requebrado na extensão do sol
como homem e mulher em sua casa
se perto se longe dos feitiços da idade
batida pela tarde


agora não que o espanto trepou ao testemunho
e o aperto se fecha na europa norte
como utensílio dado à saudade que já começa
medida com os olhos e
a aldeia em angústia fecha os punhos à causa
do sol e da água e das fontes e da rama dos pinheiros
que lhe diferem


ah!, o segredo. ah!, a ocasião.
localizar escolher zelar tempo que acontece
entre duas vozes numa mão!

JFráguas

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