FUNERAL
Havia uma multidão,
reunião de solidões
(somos pó, e ao pó tornaremos).
Nos olhos, oceanos;
nas almas, desertos
(no princípio, eram o abismo e as trevas).
Jogaram-se em silêncio as flores e as fitas
e só se ouviu a eloqüência da pá
aligeirando a terra.
Toda a gente mansamente dispersou,
voltando-se cada um
sobre seu vazio particular.
Walter Cabral de Moura
Walter, este seu poema reflecte bem o que se sente, no momento em que a terra engole o corpo de quem se ama. É impossível esquecer "a eloquência da pá", as "flores e as fitas" que caem sobre a terra, "em silêncio". Um silêncio que nos invade e toma conta de tudo como testemunha da dor e do vazio, num momento em que qualquer palavra seria um fardo.
ResponderExcluirUm abraço
Maria João Oliveira
É isso mesmo, Maria João. E seguimos depois com os nossos vazios, que tentamos preencher como podemos.
ExcluirAbraço